Uma co-produção de O2 Filmes (Brasil) e Almega Projects (Reino Unido), dirigido por Lucy Walker, João Jardim e Karen Harley. O documentário tem como tema o projeto do artista Vik Muniz, brasileiro reconhecido internacionalmente, em produzir obras de arte a partir do lixo do aterro da cidade de Gamacho com ajuda dos catadores de lixo que trabalham ali. Embora a intenção possa ter sido essa, o filme, na verdade, apresenta no plano primário a personalidade e rica biografia desses catadores de lixo. Uma lição de humanismo, emocionou-me quando vi catadores de lixo a procura de livros, muitos deles leitores assíduos de Niestch, Sun Tzu e Nicolau Maquiavel! O conhecimento, consciência e a articulação que eles possuem são de encher os olhos, principalmente quando vemos como é delicada a situação em que os mesmos se encontram, vítimas de furtos de ladrões das favelas próximas, sujeitos à venda do aterro pela prefeitura (o aterro será fechado em 2012) e, ainda, do ostracismo e preconceito que a sociedade impõe. Não me excluo disso, antes de vê-lo acreditava, mesmo que inconscientemente, que era intelectualmente superior a classes como esta. Simplesmente por ter tido condições melhores que eles e, assim, ter tido chance de adquirir conhecimento sólido. Mas os catadores de lixo me deram uma lição e, tenho certeza, que vão dá-la a todos. Principalmente àqueles que culpam suas péssimas condições financeiras para aprender, ou até mesmo àqueles que, ainda que façam parte da elite das instituições de ensino, não se aproveitam disso devidamente. Percebemos que o "lixo" do qual o filme trata não é o literal, e sim a classe social que consideramos descartável. Da mesma forma que Vik Muniz, ao decorrer de seu projeto transforma lixo em obra de arte, vemos o documentário transformar o "lixo social" em seres humanos extraordinários. Uma verdadeira reciclagem humana!
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