domingo, 27 de março de 2011

Inverno da Alma (Winter's Bone)


2010 realmente foi um ano difícil para o Oscar, podendo até ser comparado futuramente ao lendário  ano de 1939. Poucos são os filmes em que o enredo é tratado de forma tão sutil como neste. O drama da garota de 17 anos (Jeniffer Lawrence) encarregada de dois irmãos mais novos e sua mãe que possui problemas mentais se torna ainda pior ao saber que seu pai, um traficante de drogas que se encontra desaparecido, deixou como garantia para sua fiança a propriedade na qual todos vivem. Ela tem agora que encontrar seu pai e levá-lo a julgamento antes que retirem-na , sua mãe e seus irmãos de sua casa. O enredo logo se desenvolve num suspense angustiante em que nos perguntamos o que realmente ocorreu com o pai da protagonista, mesmo tratando de temas pesados como formação de quadrilha, queima de arquivos e tráfico de drogas, o filme não deixa absolutamente nada explícito. Tudo é exibido da mesma forma como a personagem principal lida com o problema, com cautela e consciência do perigo que ela corre ao descobrir o paradeiro de seu pai. A fotografia do filme é perfeita, quase monocromática, mas de um modo em que podemos quase sentir o inverno físico e psicológico pelo qual a personagem passa.

Curtas

Tim Burton
A Cahiers du Cinéma, famosa revista francesa sobre cinema que revelou nomes da Nouvelle Vague como François Truffaut e Jean-Luc Godard, publica já há algum tempo livros, com cerca de 100 páginas cada, dedicadas a grandes diretores. Dentre os volumes, temos Alfred Hitchcock, Woody Allen, Pedro Almodovar, Steven Spielberg, entre outros. Recentemente foi lançado um volume sobre Tim Burton. O livro cobre toda sua filmografia, até Alice In Wonderland (2010), conta com excertos da própria revista com impressões de críticos e até mesmo entrevistas do diretor. No Brasil, o livro está disponível em inglês e custa cerca de R$24,00.

Preview - 18
Já está nas bancas a nova edição de uma das melhores revistas brasileiras sobre cinema e outras mídias audiovisuais. Entre os destaques se encontram entrevista com os irmãos Farrelly (diretores de "Passe Livre"), uma homenagem aos filmes de western e às séries japonesas (Jaspion, Changeman, Flashman e Jiraya).

terça-feira, 22 de março de 2011

Além da Vida (Hereafter)


O filme possui três protagonistas: Marie Lelay, uma jornalista francesa renomada que sofre um acidente grave no tsunami que devastou a Àsia em 2004 ; George Lonegan (Matt Damon), um americano com dificuldades financeiras e Marcus, um garoto inglês que acabou de perder seu irmão gêmeo e único amigo. Marie e George possuem algo em comum: já tiveram uma experiência de quase-morte que mudou o rumo de suas vidas, George em sua infância e Marie decorrente do tsunami , o que fez com que ela decidisse escrever um livro sobre suas visões enquanto esteve morta e ele, George,  se tornasse um renomado paranormal.
O filme não entrega a real história até os últimos quinze minutos. Embora seja um filme com uma temática espiritual, o fato é apenas pano de fundo para a história de amor de Marie e George, história, aliás, que foi muito artificial. Um amor que se desenvolveu à primeira vista e digno de Sessão da Tarde! Mas no papel de Marcus, que se torna o elo entre Lelay e Lonegan, não permite que o filme se torne algo entediante. Se não fosse sua atuação, tudo estaria perdido... Roteiro pobre e perdido, parece que alguém teve uma ideia interessante e não soube fazer um final, apelando para um romance pra lá de forçado.

terça-feira, 15 de março de 2011

Lixo Extraordinário (Waste Land)


Uma co-produção de O2 Filmes (Brasil) e Almega Projects (Reino Unido), dirigido por Lucy Walker, João Jardim e Karen Harley. O documentário tem como tema o projeto do artista Vik Muniz, brasileiro reconhecido internacionalmente, em produzir obras de arte a partir do lixo do aterro da cidade de Gamacho com ajuda dos catadores de lixo que trabalham ali. Embora a intenção possa ter sido essa, o filme, na verdade, apresenta no plano primário a personalidade e rica biografia desses catadores de lixo. Uma lição de humanismo, emocionou-me quando vi catadores de lixo a procura de livros, muitos deles leitores assíduos de Niestch, Sun Tzu e Nicolau Maquiavel! O conhecimento, consciência e a articulação que eles possuem são de encher os olhos, principalmente quando vemos como é delicada a situação em que os mesmos se encontram, vítimas de furtos de ladrões das favelas próximas, sujeitos à venda do aterro pela prefeitura (o aterro será fechado em 2012) e, ainda, do ostracismo e preconceito que a sociedade impõe. Não me excluo disso, antes de vê-lo acreditava, mesmo que inconscientemente, que era intelectualmente superior a classes como esta. Simplesmente por ter tido condições melhores que eles e, assim, ter tido chance de adquirir conhecimento sólido. Mas os catadores de lixo me deram uma lição e, tenho certeza, que vão dá-la a todos. Principalmente àqueles que culpam suas péssimas condições financeiras para aprender, ou até mesmo àqueles que, ainda que façam parte da elite das instituições de ensino, não se aproveitam disso devidamente. Percebemos que o "lixo" do qual o filme trata não é o literal, e sim a classe social que consideramos descartável. Da mesma forma que Vik Muniz, ao decorrer de seu projeto transforma lixo em obra de arte, vemos o documentário transformar o "lixo social" em seres humanos extraordinários. Uma verdadeira reciclagem humana!

segunda-feira, 14 de março de 2011

Salmo Vermelho (Még Kér Um Nép)


Talvez o melhor filme húngaro de todos os tempos, dirigido por Miklós Jancsó, é ambientado no século XIX e retrata uma "revolução” de camponeses contra um proprietário de terra e soldados a seu favor. Embora seja um filme pró-socialista, está longe de ser reduzido a um filme de propaganda. O diretor conseguiu de um modo excepcional conciliar forma ao conteúdo, política a poesia e tudo isso em apenas 26 planos! As cores do filme foram também escolhidas a dedo de uma forma  que só vi mais uma vez (Trilogia das Cores – Krzysztof Kieslowski), onde as mesmas, têm importante papel na construção do enredo, tanto quanto o roteiro e as músicas. Aliás, um musical memorável e sensível onde as músicas são mais importantes do que qualquer fala do roteiro. Por não se tratar exatamente da Revolução Comunista ou de suas repercussões, o filme não deve ser comparado a estas. Ele retrata o socialismo puro e ingênuo, sem interferências humanas e inédito. A obra o cinema arte, de modo que o filme valoriza a forma, porém de uma maneira que esta possua conteúdo, o qual é tão complexo, profundo e  crítico quanto um quadro de Picasso ou Munch. A obra foi lançada recentemente no Brasil em DVD(R$39,90-R$49,90) pela Lume Filmes, famosa por lançar clássicos nunca vistos mas que de forma alguma devem ser ignorados.

domingo, 13 de março de 2011

Frankenweenie

Frankenweenie
Somente agora me deparei com o curta-metragem de 30 minutos de Tim Burton produzido em 1984 para o canal Disney Channel, obra da época em que Burton trabalhou para a empresa do Mickey. É incrível como mesmo nos trabalhos do início de sua carreira podemos ver muito claramente as características que definem as produções de Burton e o diferencia dos demais diretores contemporâneos. O filme, uma homenagem a Frankenstein e aos filmes de terror da Universal, conta a história da infância do futuro Doutor Frankenstein em sua primeira tentativa de dar vida aos mortos, neste caso o morto é seu cachorro de estimação (Sparky). Assim como todos os outros filmes de Tim Burton, dialoga com as minorias sociais e a sociedade do ponto de vista das mesmas, faz referências também ao próprio diretor e sua infância. Nenhum outro trabalho de Burton trouxe com mais clareza a mensagem de suas obras e seus conceitos artísticos. Para fãs do diretor e também para aqueles que desejam se “iniciar” no mundo de Burton, recomendo que comecem por este curta. O filme pode ser encontrado como bônus no blu-ray de “O Estranho Mundo de Jack”, se não me engano também está na edição dupla em DVD do mesmo.Deixo pra vocês um trailer do You Tube feito por um fã (Royal Green Frog)!

sábado, 12 de março de 2011

Bruna Surfistinha


O filme começa ruim, nada muito diferente das antigas pornochanchadas brasileiras. Aliás, cenas de sexo e nudez não faltam. Tudo bem, é um filme sobre uma prostituta. O problema é que durante a primeira hora do filme Bruna (Deborah Secco) é uma personagem plana, e o fato de que ela chega a fazer 70 programas por semana se torna, logo, desinteressante.  Problema não só do roteiro mas também da atriz protagonista, Deborah Secco, que, apesar de melhorar com o desenvolvimento do enredo, tem uma atuação regular. No momento dramático, em que Bruna vive uma fase de vício em drogas e que a atriz poderia explorar, Secco não convence. O que salva o filme é que o roteiro ganha qualidade após a primeira hora, garantindo cenas ótimas. Destaco a cena onde Bruna comenta sobre as esquisitices de seus clientes, puros realismo e comédia. Na atuação os destaques são Drica Moraes, Cássio Gabus Mendes e Fabiula Nascimento (a única prostituta que parecia ter alguma estória de vida). Outro ponto para o filme foi a trilha sonora, muito bem escolhida e com timing perfeito no filme. Cheio de altos e baixos, "Bruna Surfistinha” ainda assim merece sua atenção pela biografia rica da personagem. O porém foi que o filme poderia tê-la aproveitado melhor. Minha dica é a seguinte, vá na segunda-feira no cinema que você vai pagar menos ou espere pelo DVD na locadora.

sexta-feira, 11 de março de 2011

A Rede Social

A Rede Social

Com roteiro, direção e atuações extremamente dinâmicos, “A Rede Social” conta a história da criação do Facebook, mas, mais importante ainda, o fim de uma amizade. Focada em Mark Zuckerberg, interpretado assustadoramente bem por Jesse Eisenberg , o filme é composto por cenas de "flashback”, em sua maioria, permeadas por cenas dos dois processos que Zuckerberg enfrentou. Um deles contra seu maior amigo, o brasileiro Eduardo Saverin (Andrew Garfield). O drama do desgaste da amizade entre Zuckerberg e Saverin, principalmente devido à influência de (Justin Timberlake), criador do Napster, chega ao ápice quando Saverin é passado para trás na melhor cena do filme e também no ponto alto da interpretação de Garfield. Sob direção de David Fincher, perfeccionista que chegou a gravar 99 tomadas da cena inicial entre Zuckeberg e Erika (por algum motivo desconhecido não chegou a fazer a centésima). Palmas também para os Efeitos Visuais do filme, os gêmeos Winklevoss, por exemplo, foram interpretados pela mesma pessoa graças a uma tecnologia de substituição de rosto e um dublê de corpo. Ganhador de 3 Oscar (Roteiro Adaptado, Trilha Sonoral Original, Montagem) o filme é um dos cinco melhores de 2010, inquestionavelmente.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Trilhas Sonoras que Ficaram na Memória - Parte 8

Hatuna Matata / Hakuna Matata
A música de "O Rei Leão" se tornou sinônimo dos ideais hippies um pouco distorcidos e mais individualistas, composta por Elton John e Tim Rice, foi indicada ao Oscar e perdeu para outra canção do mesmo filme. A todos aqueles que vivem na paz eu dedico "Hakuna Matata"!



Com o feriado chegando ao fim vou voltar aos posts normais, com críticas e notícias do mundo audiovisual, porém a série "Trilhas Sonoras que Ficaram na Memória" retorna na páscoa, mandem sugestões!

quarta-feira, 9 de março de 2011

Trilhas Sonoras que Ficaram na Memória - Parte 7

Eu Vou, Eu Vou
Versão em português da música "Heigh Ho", composição original de Frank Churchill e Larry Morey. É interpretada pelos sete anões do clássico "Branca de Neve e os Sete Anões" ao retornarem para casa.

terça-feira, 8 de março de 2011

Trilhas Sonoras que Ficaram na Memória - Parte 6

Star Wars Main Theme
A música é simbolo da saga e aparece no início de todos os filmes. É também símbolo de heroísmo e aventura, me atrevo a dizer que é a canção composta para um filme mais famosa de todos os tempos. Composta pelo mestre das trilhas sonoras John Williams, ainda vamos ver muitas obras dele nessa série, inclusive da saga "Star Wars"!

segunda-feira, 7 de março de 2011

Trilhas Sonoras que Ficaram na Memória - Parte 5

The Godfather Theme
A versão instrumental composta por Nino Rota para "O Poderoso Chefão" é conhecida por "The Godfather Theme", há diversas versões cantadas, entre elas uma em siciliano (Brucia La Terra) e foi interpretada por Anthony Corleone no terceiro filme da trilogia.


domingo, 6 de março de 2011

Trilhas Sonoras que Ficaram na Memória - Parte 4

Lara's Theme
Do clássico de David Lean, "Doutor Jivago", e composta por Maurice Jarre . O tema de Lara (Julie Christie) vive na memória dos cinéfilos e, para certos críticos, foi usada demasiadamente durante o filme de modo a se tornar irritante. Irritante ou não, ela conseguiu se tornar o ícone do filme.

sábado, 5 de março de 2011

Trilhas Sonoras que Ficaram na Memória - Parte 3

Tara's Theme
A canção composta para o filme "E o Vento Levou..." soube traduzir o drama do enredo nas poucas notas de seu refrão e não há quem não lembre de Scarlett O'Hara (Vivien Leigh) ao escutá-las. Composta por Max Steiner.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Trilhas Sonoras que Ficaram na Memória - Parte 2

As Time Goes By
A música foi interpretada no filme "Casablanca" por Dooley Wilson no papel de Sam e até hoje é o maior símbolo do filme, um dos maiores clássicos do cinema. A cena em que Sam está no piano do bar cantando é, provavelmente, a mais famosa do filme e uma das mais famosas do cinema. Composta por Herman Hupfeld.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Trilhas Sonoras que Ficaram na Memória - Parte 1

Como prometido, começo uma série de posts sobre as trilhas sonoras que, até hoje, são símbolos de seus filmes. A intenção é relembrar belas canções, valorizar o trabalho dos compositores dessas trilhas sonoras e também relembrar clássicos filmes do cinema! E vocês também podem participar dessa série de posts, dando sugestões para as próximas canções nos comentários!

Somewhere Over the Rainbow
Desde que Judy Garland (Dorothy) interpretou esta música em "O Mágico de Oz", ela conseguiu ultrapassar o sucesso do próprio filme. Várias versões já foram gravadas, sua mais recente aparição foi no Oscar 2011 com um belo coral de crianças como intérpretes. Música composta por Harold Arlen e E. Y. Harburg, vencedora do Oscar de 1940.



quarta-feira, 2 de março de 2011

Lançamentos em Home Video

Hoje resolvi escrever um post sobre as próximas obras audiovisuais que devemos esperar nas lojas para os próximos meses!

Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1
A primeira parte do capítula final da saga será lançada no Brasil pela Warner em DVD e Blu-ray em 15 de abril. Preços: R$79,90 (Blu-ray) / R$44,90 (DVD Duplo)

Os Dez Mandamentos
O clássico de Cecil B. de Mille será lançado pela primeira vez em Blu-ray pela Paramount em uma edição dupla por R$59,90 no dia 18 de abril. Uma observação importante é que o mesmo filme será lançado em uma edição com mais discos e alguns brindes nos EUA, para os fãs talvez compense importar.

Senna
O documentário sobre a lenda da fórmula 1 sairá em DVD e Blu-ray pela Universal em 24 de Março. Preços: R$69,90 (Blu-ray) / R$39,90 (DVD). Além das versões simples, a Universal também lançará uma edição especial com  DVD, Blu-ray, livreto e uma miniatura por incríveis R$600,00, alguém vai encarar?

terça-feira, 1 de março de 2011

We Belong Together

Ainda falando em repercussão ao Oscar 2011, resolvi dedicar um post a um dos prêmios mais merecidos, o de Canção Original. "We Belong Together" do filme "Toy Story 3" é uma música que não deveria ser desprezada, normalmente as pessoas têm preconceito com trilhas sonoras, salvas algumas famosas excessões que aliás serão tratadas em um post especial muito em breve! Mas voltando ao assunto, gostaria de dividir com os leitores do meu blog esta música...