sábado, 18 de junho de 2011

Meia Noite Em Paris

É impressionante como Woody Allen consegue criar filmes de comédia nos quais o riso é interno, leve, você sai do cinema mais feliz. As situações não são o que causa comicidade e sim os personagens, tão próximos da realidade e, por isso mesmo, tão cômicos. Allen consegue, mais uma vez, brincar com a estupidez humana. "Meia-Noite em Paris" começa com Gil (Owen Wilson) e Inez (Rachel McAdams), noivos e com absolutamente nada em comum em Paris, cidade pela qual Gil, um escritor de roteiros prestigiado, é fascinado. Gil decide parar de escrever roteiros e se dedicar ao seu primeiro livro, um romance. Desacreditado por Inez, Gil é uma pessoa que vive sonhando com os anos 20 em Paris e as personas que viveram nessa época: escritores, pintores entre outros artistas. Para ele, essa foi a "era de ouro". De repente, ele descobre que, à meia-noite, um carro pode levá-lo ao passado e começa, então, a conviver com Fitzgerald, Hemingway, Dalí, Buñuel e até mesmo Picasso. Seus novos amigos o ajudam a enxergar a verdade sobre seu triste relacionamento e seu livro. Um dos mistérios do filme é se aquilo tudo é um delírio ou se realmente a "viagem no tempo" acontece, algo que só é descoberto no final e eu não vou revelar. O mais interessante é como Allen trata o assunto do saudosismo, da insatisfação humana pelo presente e do desejo do retorno ao passado, este obviamente idealizado. Cheio de referências culturais das mais óbvias às mais sutis, homenageia Paris de um modo em que é impossível chegar ao final do filme sem querer visitá-la. A "viagem no tempo", real ou não, pode, sim, ser feita em Paris, uma cidade emersa em grandes acontecimentos no decorrer da História e que, até hoje, mostra marcas preservadas disso. Destaque para a trilha sonora, extremamente parisiense, ajuda muito na imersão de quem está assistindo.

domingo, 12 de junho de 2011

Trabalho Sujo

Foi dirigido por Christine Jeffs (a mesma de "Sylvia"), mas o mais importante mesmo são seus produtores, os mesmos de "Pequena Miss Sunshine". É por essa dica que pode-se começar a antecipar o que vem pela frente. Assim como em "Pequena Miss Sunshine" temos no centro da trama um novo clã familiar, no qual o patriarca é, novamente e para a felicidade de todos,  Alan Arkin. O excelente ator é o avô de Oscar neste filme. Interessante como em ambos os filmes as crianças são peça fundamental no roteiro. Em "Pequena..." temos Olive como a protagonista e neste Oscar é um menino criticado por "profissionais de ensino" que não sabem lidar com crianças diferenciadas da média. Ponto fraco do roteiro, um conflito tão interessante como o problema de Oscar é deixado praticamente de lado após a sua apresentação, o que aconteceu com ele?! O que está no centro do filme e também nas margens, até porque seus 97 minutos não dão liberdade para desenvolver qualquer outra trama paralela, é o problema financeiro de Rose, interpretada por Amy Adams , de "O Vencedor". Rose foi na adolescência uma garota popular no colégio e hoje faz serviços de limpeza e tem problemas afetivos, tendo um caso com um homem casado. Tentando mudar o rumo de sua vida ela começa um negócio próprio: limpeza de cenas de crime. Conta com a parceria de sua irmã, Norah, interpretada por ninguém menos que Emily Blunt. O filme é ótimo, porém tinha potencial pra ser muito melhor, muita coisa boa que podia ter sido explorada, foi desperdiçada. O problema de relacionamento de Rose, por exemplo, embora tenha sido tratado durante a maior parte do filme some no final. O que aconteceu entre ela e Winston, o aeromodelista? E quanto ao relacionamento entre Norah e Lyn (Mary Lynn Rajskub), duas grandes atrizes mal aproveitadas. Embora tenha suas falhas por não ter utilizado todo o potencial que a história e o elenco tinham a oferecer, o filme ainda é ótimo. Assim como em "Pequena...", permeado por críticas, ironias e comicidade amarga, nada menos do que o esperado, vejam!

domingo, 5 de junho de 2011

Cleópatra (1963)

Um dos filmes mais caros já produzidos. Com o ajuste da inflação, foram utilizados o equivalente a 297 milhões de dólares (2007). Dirigido por Joseph L. Mankiewicz, o filme foi vencedor de quatro Oscars (Fotografia, Direção de Arte, Efeitos Especiais, Figurino). Realmente foi um filme em que a produção foi impecável. Alguns erros históricos (se não muitos), incluindo erros anacrônicos. Mas o filme não foi feito para ser fiel à História, que sirva de lição para os críticos da época e para alguns contemporâneos: cinema NÃO é aula de história, é entretenimento. E quando fala-se em entretenimento, tudo é válido. A 20th Century Fox, produtora de "Cleópatra", estava na época passando por dificuldades financeiras e mesmo assim resolveu arriscar tudo nesse projeto ambicioso, o retorno foi satisfatório e, o que parecia ser seu útimo e grandioso suspiro, serviu para revitalizá-la. Elizabeth Taylor, uma das maiores musas do cinema de todos os tempos e falecida este ano, teve uma ótima atuação, digna de ser lembrada. Mas quem merece as glórias é mesmo Rex Harrinson como Júlio César, indicado inclusive para o Oscar de Melhor Ator (perdeu para Sidney Poitier, primeiro ator negro a receber um Oscar nessa categoria). Harrinson conseguiu trazer profundidade para suas falas , embora o roteiro não favorecesse muito, e salvou a primeira parte do filme.
Destaques e mais destaques para os figurinos de Cleópatra. Alguns criticam a extensão do filme (aproximadamente 248 minutos, dependendo das versões), porém não chega a ser cansativo assistí-lo. Embora, eu deva concordar, a segunda parte se extende mais do que era necessário. Somando-se os prós e os contras, por que deve-se assitir "Cleópatra"? Eu pergunto, por que não se deve assistir "Cleópatra"? Com boa produção, erros históricos, algumas falhas de roteiro, crítica pesada mas excelente entretenimento.  Posso citar uma dezena de filmes que foram lançados recentemente com as mesmas características e que fizeram sucesso nas bilheterias. "Cleópatra" não é uma recomendação minha, é uma sugestão.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Por Dentro do Roteiro

Eu sei que os livros que tratam do assunto da técnica de produção de roteiros são considerados, pela maioria, entediantes. "Por Dentro Do Roteiro" de Tom Stempel é uma recente descoberta minha de uma excelente exceção. O autor divide a obra em três parte: "Os Bons", "Os Não Tão Bons" e "Os Ruins", dessa forma ele separa filmes famosos e cults e analisa o roteiro de cada um deles. Entre os escolhidos estão "Jurassic Park","Star Wars", "Janela Indiscreta"," Procurando Nemo"," Troia", "Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças", "Lawrence da Arábia", entre muitos outros. Com muita ironia e humor, apontando os acertos e os erros, ao mesmo tempo que sugere soluções que poderiam ter sido utilizadas dando como exemplo outros filmes. Ótimo para descobrir bons filmes e aprimorar o conhecimento e percepção quanto aos roteiros, seja para cinéfilos ou cineastas. O artigo sobre os três primeiros episódios de "Star Wars" é um destaque por si só! Recomendadíssimo.