domingo, 29 de maio de 2011

Namorados Para Sempre

Dirigido por Derek Cianfrance, um famoso diretor de documentários e que realizou com "Namorados..." um projeto de 12 anos! É dele também o magnífico roteiro do filme, que pode até ser considerado auto-biográfico, já que ele mesmo disse que, após a separação de seus pais, sempre teve interesse em estudar esses acontecimentos. O filme prima pelo realismo que não foi alcançado à toa. Estrelado por Michelle Williams e Ryan Gosling como o casal em crise à beira do divórcio, os atores só receberam o roteiro com suas falas para que os diálogos fossem espontâneos. Além disso, não se conheceram antes do início das filmagens. Elas cobriram o momento em que o casal se conhece e  quando o relacionamento deles está por um fio. Separando esses dois pontos está a filha, último elo entre os dois. Com flashbacks dialogando diretamente com as cenas do "tempo atual", o filme é uma composição de tomadas. Belas interpretações, destaque para Michelle Williams, indicada ao Oscar (perdeu para Natalie Portman). Williams está no projeto com Cianfrance desde 2003 e ajudou a compor sua personagem. "Namorados Para Sempre" me lembrou muito "Cópia Fiel" do Kiarostami, devido ao tema. Porém ambos são primorosos por motivos e abordagens diferentes. Aliás, outro filme que deve ser lembrado é "Foi Apenas Um Sonho" de Sam Mendes.  Todos recomendadíssimos! "Namorados Para Sempre" estreia dia 10/06, não percam!

A Missão (1986)

Vencedor da Palma de Ouro em Cannes e do Oscar de Melhor Fotografia, "A Missão" é um daqueles filmes em que a técnica beira à perfeição. O roteiro é um pouco falho, é verdade. O filme parece, às vezes, se estender demais sem motivos e um filme dramático acaba parecendo um filme de ação morno. A trama trata do episódio dos Sete Povos das Missões, missões jesuíticas que se concentravam em território de fronteira entre terras espanholas e portuguesas , e das chamadas "guerras guaraníticas", as quais foram, na verdade, um massacre étnico. Robert De Niro em uma de suas melhores interpretações nos apresenta um padre jesuíta, ex-mercador de escravos indígenas, e que luta pela sobrevivência das missões ao lado dos guaranis. Palmas, também, para o diretor Roland Joffé e o premiado diretor de fotografia Chris Menges por nos entregarem um filme de um visual excepcional, onde os índios e o próprio filme são apresentados em tons vermelho "terra" e "sangue", clara representação dos "filhos da terra", os verdadeiros donos do território. Este é um belo exemplo de como a fotografia conversa com o enredo de forma excepcional.
O filme vai ser lançado no Brasil em DVD, pela Versátil, dia 06 de junho. (R$49,90)

domingo, 15 de maio de 2011

Thor

Conhecido por suas incríveis adaptações shakespearianas, Kenneth Branagh mostra que também sabe como fazer um blockbuster. "Thor" foi mais um bem-sucedido projeto de franquia da Marvel, ótima trilha sonora de Patrick Doyle e ótima interpretação de Tom Hiddleston, o irmão, Loki, de Thor e também o vilão da trama. Aliás, ele merece uma atenção especial daqui pra frente, já que estará em "Archipelago" (Joanna Hogg), "Meia-Noite em Paris" (Woody Allen), "War House" (Steven Spielberg) e "Deep Blue Sea" (Terence Davies). Chris Hemsworth como Thor é o que seu personagem e a trama exigem, com uma atuação regular. Embora tenha se saído bem com o roteiro, as cenas com tom de humor me fizeram recordar que ele não é Downey Jr e seu inesquecível Tony Stark. Produção merece aplausos em todos os aspectos, seleção de elenco, montagem, mixagem, etc. As notas dadas ao filme foram altas quando levado em conta o fato de ser um filme de alto orçamento, pelos quais os críticos torcem o nariz. Porém, ainda assim, eu daria uma nota maior (oito, de zero a dez). Longe de ser um destaque do ano de 2011, "Thor" cumpre o papel de atrair grandes bilheterias e ser um ótimo entretenimento. Palmas para a Paramount por fazer mais uma incrível adaptação de super-heróis e de apostar em Branagh para dirigi-la.

domingo, 8 de maio de 2011

Minhas Mães e Meu Pai

No Dia das Mães e na semana em que a união homoafetiva foi aprovada no Brasil pelo STF, nada melhor do que este filme para um post especial.
Dirigido por Lisa Cholodenko, retrata uma família nada usual: um filho, uma filha e... duas mães, interpretadas pela talentosíssimas Annette Bening e Julianne Moore. Uma família que deu certo por 18 anos até que aparece o doador dos espermas: Paul (Mark Ruffalo).
Surge então um triângulo amoroso entre o pai e as mães. Mas seria injusto dizer que Paul é um dos protagonistas, a história realmente é das mães e o drama gira em torno de uma crise de casal combinada com uma crise de meia-idade. O tema poderia ter sido abordado em qualquer tipo de relacionamento. De forma alguma o fato de serem lésbicas traz polêmica para o filme. Muito pelo contrário, os filhos agem com a maior naturalidade, chegando até a perder um pouco do realismo, nenhum deles sofre com conflitos sociais e tudo anda muito bem quando o assunto é a homossexualidade das mães. Aliás, não há confusões sobre a orientações delas. Paul teve um caso com Jules (Julianne Moore), mas fica bem claro que só ocorreu graças à carência emotiva que ela passava no momento.  Annete Benning só perdeu este ano o Oscar porque estava competindo com Natalie Portman (Cisne Negro). O balanço geral é o de um filme muito bom, bem produzido e escrito, com boas atuações mas incrivelmente leve com os assuntos tratados. Bom entretenimento, pouca reflexão.

Cópia Fiel

O filme do iraniano Abbas Kiarostami conta a história do relacionamento de Elle (Juliette Binoche) e James Miller (William Shimell), um escritor inglês famoso pelo livro em que exalta cópias de obras de arte como verdadeiras expressões artísticas. Seu livro, Cópia Fiel, empresta o título ao filme. Será que é apenas esse o motivo do nome do filme? De fato não, no decorrer da história percebemos que o relacionamento do casal passa por uma crise e Elle tenta recuperar, o que ela acredita ser, o perfeito casamento. Dessa forma podemos perceber que a Cópia Fiel é o que ela busca alcançar, considerando o ideal romântico como a obra perfeita. O paralelismo com o livro fica mais claro quando a personagem materializa seus sonhos numa estátua de uma praça. O enredo se passa no vilarejo de Lucignano na Itália, o que ajuda na construção da ponte entre vida e arte. Kiarostami, um diretor que sempre alegou apenas retratar o cotidiano e não ser um "contador de histórias", representa a alegoria casamento, a busca dos homens pela perfeição dentro deste e encerra como se deve, com uma grande dose de realismo.