terça-feira, 8 de novembro de 2011

O Palhaço

O segundo filme em que Selton Mello assume a direção é um dos melhores filmes do ano, não só nacionais como também internacionais. O que falta em muitas produções hoje, toma conta da estória: sensibilidade. Protagonizado pelo próprio diretor, na pele de um palhaço que vive um conflito. Benjamin (Selton Mello) como o palhaço Pangaré faz outros rirem, mas ele mesmo não consegue a sua felicidade. Suas angústias fazem-no questionar sua própria profissão. Embora Selton seja o protagonista, o elenco de apoio é tão bom quanto o diretor/protagonista. Paulo José, Teuda Bara, Fabiana Karla e tantos outros, todos muito bem selecionados para papéis desenhados de forma excepcional. Um show a parte é a participação especial de Moacyr Franco como o "Delegado Justo" numa das melhores cenas da película. É nítido o cuidado com a produção, o roteiro e o elenco. A vida de Pangaré funciona como uma metáfora para todos aqueles que sofrem de depressão, aqueles que vivem suas vidas se sentindo como palhaços que alegram os que estão ao redor a custa de suas próprias satisfações. Além disso, há uma grande crítica à desvalorização da cultura circense no Brasil. Enquanto pagamos centenas de reais prestigiando o internacional "Cirque Du Soleil", esquecemos de nossos próprios artistas, os quais vivem condições muitas vezes sub-humanas mantendo uma tradição heroica. O drama representado no filme é tão real que a comédia que permeia as cenas muitas vezes é recheada de um doce amargo e as reações do público podem ser as mais variadas, desde uma enorme satisfação a uma profunda comoção com o final. De qualquer forma, é um filme que merece ser visto várias vezes para poder captar todas as suas sutilezas!

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